As bulas dos medicamentos psiquiátricos causam mais susto em alguém que já está previamente preocupado com o efeito deste tipo de medicamento, portanto, deve-se ter muito cuidado ao ler a bula destas substâncias.
Quando é prescrito um medicamento em dose baixa, por exemplo, com planejamento de aumento gradual e lentamente, é uma forma de testar a tolerância individual da pessoa e amenizar possíveis efeitos colaterais, já que para a maioria deles o organismo cria tolerância com o tempo. Um bom exemplo é o efeito sedativo, que depende da dosagem do medicamento: é um efeito individual (alguns pacientes são mais sensíveis do que outros) e o organismo vai se tornando tolerante a ele com o tempo (o paciente precisa aumentar a dosagem para ter o mesmo efeito sedativo inicial).
O mesmo ocorre com náuseas e diminuição do apetite. São efeitos adversos que ocorrem em geral na primeira semana de tratamento, cada um tem uma sensibilidade a esses efeitos, e depois simplesmente desaparecem, ou seja, o organismo logo se acomoda e não reage mais desta forma.
Motivos de maior preocupação dos pacientes são alertas que constam em alguns medicamentos, como sobre o risco de suicídio e risco de reações mais graves (p.ex. reações de pele, efeitos no sangue, morte súbita, convulsões etc.). Os medicamentos somente são comercializados com a aprovação e liberação pelos órgãos regulatórios de seus países, ou seja, porque os efeitos benéficos superam amplamente os riscos. Acreditamos que nenhum órgão sério liberaria um medicamento cujo risco de morte súbita, por exemplo, fosse alto ou que causasse males graves à saúde de sua população mas, além disso, seu médico Especialista conhece muito bem tais medicamentos, estou sobre os liberados e os não liberados, sabe dos efeitos esperados e os efeitos adversos e é ele o responsável pela indicação terapêutica, por isso também da absoluta necessidade dos conselhos do mesmo quanto a que linha de tratamento seguir pois o conhecimento e experiência do mesmo não permitirá uma prescrição que te cause mal.
Como exemplos recentes o Rimonabant foi uma substância desenvolvida para o tratamento da obesidade e teve sua comercialização suspensa no mundo inteiro após ter ficado constatado que ele aumentava o risco de depressão e suicídio.
A clozapina, um antipsicótico desenvolvido na década de 70 e que causou agranulocitose (diminuição dos glóbulos brancos, as células de defesa) em alguns pacientes chegou a ser suspenso do mercado mundial por 20 anos. Depois que as pesquisas comprovaram que este efeito colateral era raríssimo (menos do que um caso para cada cem em tratamento) e que os benefícios da medicação eram altos, ela voltou a ser liberada pelos órgãos regulatórios de diversos países.
Estes riscos precisam ser individualizados pois, o risco de agranulocitose pela clozapina, parece ser maior em pacientes caucasianos puros, sendo mais comum em países nórdicos do que no resto do mundo.
O temor quanto ao risco de suicídio induzido pelo medicamento em um paciente que não possui ideias de suicídio é bem menor do que em alguém que já tenha tentado ou que apresenta ideias suicidas no momento. Os alertas servem para que o médico, o paciente e a família estejam cientes do risco e observem melhor os efeitos do medicamento sobre o comportamento e o organismo.
Uma evidência de que essas preocupações são maiores quando se trata de medicamento psiquiátrico, pela predisposição (preconceito) das pessoas a achar de antemão que são substâncias perigosas, é o fato de que poucos se preocupam com os efeitos colaterais da dipirona (Novalgina) ou do paracetamol (Tylenol). O primeiro pode causar aplasia de medula (falência da medula óssea) e o segundo insuficiência hepática fulminante. Nem por isso deixam de ser usados e nem devem ser, pois são complicações raras diante dos benefícios clínicos.
O ideal é que, ao ler a bula, você possa tirar as dúvidas que persistirem com o Especialista Psiquiatra na sua GyMConsulta para não ficar sugestionado com os possíveis efeitos colaterais que ele poderia ou não causar.
Na bula do medicamento constam todos os efeitos colaterais que ocorreram com o uso da substância em todas as fases de pesquisa até a sua comercialização. Alguns desses efeitos são raros e pouco significativos na prática clínica, ou seja, a parcela de pacientes que os apresenta é tão insignificante que o próprio Especialista Psiquiatra não se preocupa com ele ou deixa de prescrever a medicação por este motivo. É importante, portanto, buscar a prescrição do seu Especialista Psiquiatra a este respeito, pois é ele que detém a experiência prática com essas substâncias.
Equipe GyMBrain